sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Comentário do dia


Os que não nos representam – O índice de rejeição de Dilma Rousseff (36%) supera as intenções de voto (34%) na candidata. Mas o “humor” do eleitor, no seu conjunto, é contraditório. Isso porque a presidente consegue uma boa avaliação: 34% dos pesquisados avaliam seu governo como bom e 36% como regular, contra 27% que o consideram ruim ou péssimo. Uma explicação para o descompasso pode estar no perfil dos eleitores. Dilma Rousseff tem mais votos entre os eleitores de menor grau de escolaridade. Se assumirmos que quanto maior o nível de instrução mais exigente será o eleitor, o quadro fica claro. O eleitor mais informado, de senso crítico apurado, em sua maioria, prefere não votar em Dilma. A ilação dá pano para mangas. Consolidar uma democracia em que os eleitores, majoritariamente, são de baixo nível de escolaridade – ou têm uma escolaridade deficiente – é um desafio e tanto. Não é exagero dizer que essas circunstâncias deixam a democracia refém da demagogia e de discursos populistas. Cabe a pergunta: se o populismo detém o poder, qual o seu interesse em investir em educação?
 
Recessão técnica - O PIB caiu 0,6% no segundo trimestre. E já tinha caído 0,2% no primeiro trimestre. A queda nos investimentos foi de 5,30%. A economia está parando. O que deu errado, ministro Guido Mantega?

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Comentários do Dia


Em disparada – A candidata do PSB à Presidência da República já teria ultrapassado o tucano Aécio Neves e encostado, num empate técnico, com Dilma Rousseff, segundo informa em seu Blog (Radar/ Veja) o jornalista Lauro Jardim, antecipando pesquisa do Ibope que será anuncia hoje à noite no Jornal Nacional, da TV Globo. Marina teria 28% das intenções de voto contra 32% de Dilma e 20% de Aécio. A sondagem foi feita do dia 23 para cá e ouviu 2.506 eleitores. O debate de hoje, na Band, já se dará sob a influência desses resultados, o que certamente levará o candidato do PSDB e atacar os pontos fracos de Marina Silva. Ao menos, é o que a lógica determina.

Negócio lucrativo – Nunca os partidos políticos receberam tanto dinheiro público como neste ano, informa José Casado em excelente artigo, Política Lucrativa, em O Globo de hoje (ver link abaixo). Foram no total R$ 313,4 milhões, 57% dos quais já repassados. O Fundo de Assistência Financeira, que sustenta as 32 legendas do país, 20 delas com bancadas no Congresso, aumentou 184,5% nos últimos dez anos. “Os partidos são um agregado de pessoas que querem um pedacinho do orçamento”, afirma o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, conforme lembra Casado. Acesse o artigo em: http://oglobo.globo.com/opiniao/politica-lucrativa-13726523

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Comentários do dia


A bela Luciana Genro

A candidata do PSOL – O agronegócio é uma ilha de excelência na economia brasileira, com alta produtividade (60% maior do que o dos Estados Unidos) e, por consequência, elevada competitividade. O setor é responsável hoje pela maior parte das divisas do país. Pois bem, a candidata do PSOL à Presidência, a gaúcha Luciana Genro, tem a receita certa para devastar a nossa economia do campo: o rígido controle estatal sobre os preços dos alimentos. Filha do ministro da Justiça, Tarso Genro, de quem se diz hoje à esquerda, ex-filiada do PT, Luciana tem, também, a fórmula para desmantelar de vez a credibilidade do Brasil: a suspensão incondicional do pagamento dos juros por parte do governo. Se dinheiro também é uma "mercadoria" e o juro, seu preço, quem vai querer emprestar dinheiro se não puder remunerar o empréstimo? E como a economia poderá se desenvolver sem a disponibilidade dos recursos financeiros? Qual a resposta, hein, candidata?
Boas intenções – Luciana Genro deve ser bem intencionada. Quer melhorar a distribuição de renda brasileira (de fato, ainda vergonhosa). Faltou apenas alguém lhe explicar, sem artifícios ideológicos, que o desenvolvimento econômico é condição para o desenvolvimento social. E o desmonte da economia de mercado não seria o caminho, haja vista os exemplos mundo afora. O respeito às regras da economia, sem artificialismos, deve ser o pressuposto de qualquer programa de desenvolvimento. Segurar preços equivaleria a desestimular a produção e provocar escassez, como ocorre hoje na bolivariana Venezuela. De quebra, a medida ainda alimentaria a inflação, na medida em que impõe uma demanda maior sobre uma oferta que tende a ser gradualmente menor, pressionando os preços. Algo parecido com o que ocorreu na Argentina, vizinho igualmente adepto do populismo e do voluntarismo econômico.
A debacle da indústria – Os resultados ruins apresentados este ano pelas fabricantes de automóveis – queda de 16,8% na produção, de 7,6% nas vendas internas e de 35,4% nas exportações no primeiro semestre – derrubaram o desempenho de toda a cadeia automotiva, informa o Estado de S. Paulo desta segunda-feira (25), comprometendo os segmentos como o de fabricantes de plásticos e de produtos com base no algodão, além de siderurgia e autopeças. Prova de que a política de expansão dos financiamentos, como forma de dar dinamismo à atividade econômica, tem limite. E o limite é o alto grau de endividamento do consumidor, já preocupado com a alta dos preços e as incertezas econômicas. As desonerações setoriais também não foram suficientes.
Choque de eficiência – Levantamento do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), conforme o jornal O Globo desta segunda-feira, revela que mais da metade dos principais setores da indústria ainda não se recuperaram da crise iniciada em 2008. Dos 23 segmentos pesquisados, 12 apresentaram queda nos últimos seis anos. Entre eles, o têxtil (-29,6%), o de produtos de informática (-25,1%) e o de veículos (-4,3%). Especialistas reconhecem o processo de desindustrialização e apontam a forte concorrência internacional como a principal causa. Então, o que fazer para dar um choque de eficiência à indústria nacional: continuar com as políticas de desonerações eletivas (que mascaram a ineficiência) ou começar a analisar seriamente uma reforma tributária que promova um melhor ambiente de negócios de forma linear? E que tal pensar seriamente em simplificação regulatória, diminuição de burocracia e aumento dos investimentos em infraestrutura, indispensáveis para dinamizar o setor produtivo?
(NM)

domingo, 24 de agosto de 2014

Anote


 
E o mea culpa de Mantega?
 

Mudança de rumo tardia

 
            O artigo publicado nesta última sexta-feira (ver texto mais abaixo) aponta alguns dos descompassos da gestão econômica no governo Dilma Rousseff. Utilizando dados do próprio governo e do Banco Mundial, denuncia a falácia, que vem sendo repetida sem constrangimento pela equipe econômica, de que a inflação fugiu da meta e persiste em patamares elevados porque esse era o preço a se pagar para que o país não sofresse os piores efeitos da crise internacional.

Os estímulos ao crédito e a redução forçada da taxa básica de juros – de forma “voluntariosaj”, ou seja, sem que houvesse um ambiente fiscal que garantisse a sustentabilidade dessa medida, sem risco de pressão sobre os preços – seriam, assim, de acordo com a falácia, indispensáveis para que o país continuasse a crescer.

            Os dados comparativos apresentados no artigo, contudo, mostram que o Brasil cresceu menos do que os principais emergentes e do que a média mundial, e quase sempre com inflação maior do que a maioria dos países em condições semelhantes. O que significa que a política anticíclica urdida pela equipe econômica de Dilma Rousseff, caracterizada pela expansão do crédito e por impulsos monetários e fiscais, pode ter sido eficiente para aquecer o consumo (e durante algum tempo), mas não gerou desenvolvimento sustentável.  Um experimentalismo econômico inconsequente.

            O artigo de sexta traz um alerta sobre o descontrole dos gastos públicos, a perda dos superávits primários e a deterioração da política fiscal. Neste particular, há outra falácia, não explicitada no texto, a ser desmascarada. Segundo ela, os gastos públicos precisam ser elevados para que o governo possa manter os programas sociais e de distribuição de renda, como o Bolsa Família – uma mentira que empurra para o “paredão”, tolhendo a crítica, todos aqueles que pedem melhor gestão pública.

            Na verdade, não são os programas sociais que comprometem a política fiscal, mas sim os aumentos excessivos de despesas correntes, de estímulos setoriais inconsistentes, na contramão da busca da eficiência, além da falta de rigor técnico e de transparência (com maquiagens contábeis). Tanto é assim que os principais candidatos de oposição contemplam em seus programas a manutenção e até o aperfeiçoamento dos programas sociais, ao mesmo tempo em que apontam os descaminhos grosseiros na área fiscal.

            Reproduzo aqui a pergunta de um leitor, perdido em meio à esquizofrenia da atual política: “juros altos não são bons para a economia, para segurar os preços?” Na verdade, juro alto é, em regra, ruim, porque encarece os recursos financeiros dos quais a economia precisa para produzir. O setor produtivo precisa de dinheiro barato. Mas, num ambiente de expansão fiscal e impulsos ao crédito, puxar os juros (por meio de uma política monetária restritiva) é a forma de se evitar o descontrole geral de preços, algo ainda mais deletério para a economia.

O que pensa então hoje o ministro da Economia, Guido Mantega, sobre a questão: “Será inevitável um aperto das contas públicas para que os juros possam cair. Importantes correções de rumo serão inevitáveis” (Valor Econômico, quinta-feira 21).  Como lembra o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga (Veja deste fim de semana), não havia base para a redução dos juros.

É bom saber que o ministro, embora tardiamente, se rendeu às evidências. Há se lamentar, contudo, o fato de não ter assumido de forma clara a culpa por uma política macroeconômica que combinou desequilíbrio fiscal, juro alto e (ainda assim) muita inflação, culminando com um baixíssimo crescimento, e que obrigará o próximo governo (seja qual for) a medidas duras para restabelecer o equilíbrio e a credibilidade.

Por Nilson Mello

Em tempo

O feudalismo na campanha eleitoral. E não é que a Gata Borralheira impôs a sua vontade e se tornou a Senhora do Castelo...

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Artigo


O (mau) humor da economia na era Dilma

 

            A alegação de que o Brasil precisou afrouxar o controle da inflação, deixando os índices fugirem do centro da meta para que o país não fosse contaminado pela crise, em meio a um ambiente externo adverso, não resiste a uma análise honesta. Não obstante, a desculpa vem sendo repetida com despudorada regularidade por economistas e analistas próximos ao PT e ao Planalto, sobretudo agora que a campanha eleitoral – amplificada pelo horário gratuito na TV e no rádio – pode colocar em evidência o fraco desempenho da gestão Dilma Rousseff.

Num mar de indicadores preocupantes, há até uma boa notícia, mas ela não deve alimentar ilusões. Se a inflação recentemente tem cedido, praticamente sem alta dos preços no último mês (em julho, 0,01%), o “feito” não pode ser atribuído à ação daqueles que respondem pela condução econômica, e tampouco pode ser visto como vitória perene. Ao contrário, é fruto do fracasso do modelo macroeconômico que engendraram (entusiasticamente batizado de “nova matriz”), que levou o país à beira de uma recessão.

O ritmo de alta de preços arrefeceu porque o endividamento esgotou a capacidade de consumo, mola propulsora da “matriz”. Mas o alívio é provisório porque as expectativas continuam a alimentar inflação futura, sobretudo porque os preços administrados – energia, transportes e combustível – foram represados e, mais cedo ou mais tarde, certamente depois das eleições, terão que ser liberados. Eis porque a FGV projeta inflação de 7,2% nos próximos 12 meses, acima, portanto, do teto da meta (de 6,5%), que deve ser o índice ao final deste ano. O desequilíbrio permanece.
 

Países emergentes, em condições similares à do Brasil, têm apresentado melhores indicadores de crescimento – e com índices de inflação em geral mais baixos, salvo os casos de Índia e África do Sul. O ambiente externo, por óbvio, é idêntico ao enfrentado pelo Brasil. Adotaram, porém, uma política econômica centrada na sustentabilidade e no equilíbrio, o que pressupõe um mínimo de rigor fiscal, ou seja, adequada gestão dos gastos públicos. Não fizeram arranjos experimentalistas, como a nossa “nova matriz macroeconômica”.

De acordo com o Banco Mundial, os países emergentes deverão crescer em média 4,8% em 2014 e 5,4% em 2015 (ver tabela abaixo). A média de crescimento do mundo – que considera os países desenvolvidos e por isso com taxa de crescimento inferior, e os países menos desenvolvidos e por isso com potencial de avanço igualmente menor – deve ser 2,8%. A projeção de crescimento para o Brasil em 2015 era de 1,50%, inferior à média mundial, mas já foi revista para 1,20%, de acordo com o último Boletim Focus, do Banco Central. Em 2014, o PIB brasileiro deverá crescer 0,81%, com retração no setor industrial (-1,53%). A média de crescimento do PIB no atual governo é de 2%, contra 4% no governo Lula – marcado por uma continuidade na política econômica, imune à “criatividade econômica” - e  2,3% do governo FHC. A média de Dilma só está acima do período 1990-1994 (1,24%)

 Fonte: Banco Mundial

Desde sua posse em 2011, o atual governo entendeu que deveria se ocupar do crescimento, e que para tanto deveria promover um forte afrouxamento da política monetária (redução da taxa básica de juros) e, ao mesmo tempo, manter a expansão do crédito, de forma a anular ou atenuar os efeitos da crise global iniciada em 2008/2009. O aumento do consumo, decorrente desses estímulos, seria a locomotiva do crescimento, puxando o setor produtivo. Paralelamente, seguiu ampliando os gastos públicos.

O resultado da alquimia explosiva foi, a partir de então, o aumento persistente dos índices de preços, resultado de demanda maior sem a contrapartida na elevação de oferta de produtos e serviços.  As pressões se mantiveram até que, em abril do ano passado, na iminência de um novo descontrole inflacionário, o Banco Central deu início a um ciclo de retomada da taxa básica de juros. De 7,25% a taxa passou para 11%, patamar atual, sem espaço para redução diante de uma política fiscal expansionista (gastos públicos) e do reiterado estímulo ao crédito.

Esta semana, o governo baixou novo pacote neste sentido, num sinal contraditório de sua política econômica: de um lado, mantém os juros elevados, de outro, reduz o compulsório dos bancos e abre novas linhas de financiamento. De qualquer forma, o aumento do crédito surtirá pouco efeito, tendo em vista um endividamento alto, com sinais de inadimplência. O governo também não reduziu despesas – o que era previsível num ano eleitoral – comprometendo ainda mais um cenário que já é de incertezas.

O superávit fiscal do ano (a economia para o pagamento de juros da dívida), cuja meta era de 1,9%, deve ficar em 1%. Ressalte-se que essa meta era inferior a todas as estabelecidas nos últimos 14 anos. A dívida pública subiu de 58% para 59% e a líquida, de 34,6% para 34,9% no ano. Com um quadro tão degradado nas contas públicas e com a manutenção da expansão do crédito, a política monetária precisa necessariamente ser mais austera.  Economia com juro alto é ruim, mas com inflação descontrolada é pior ainda. Não é por outra razão que já se projeta uma taxa Selic 12% em 2015, a maior desde agosto de 2011.

            Numa economia já ineficiente em razão de seus altos custos de produção, representados por uma infraestrutura precária (para não dizer obsoleta), com portos, aeroportos, rodovias e ferrovias no limite de sua capacidade, uma pesada tributação, que funciona como lastro para o setor produtivo e um elevado grau de burocracia, que subtrai o que ainda pode restar de agilidade nas empresas, uma forte expansão de demanda, sem a contrapartida de um gradual e consistente aumento da oferta, só pode levar a um impasse macroeconômico, cujo maior sintoma é a pressão sobre os preços.

O que todos já perceberam – menos o governo – é que o problema do crescimento brasileiro não está relacionado à demanda, mas, sim à oferta. O maior gargalo está na capacidade de produção.  Seria preciso aumentar os investimentos. A questão é que, com tantas incertezas, a taxa de investimento também despencou, como revelam dados recentes. O maior desafio do próximo governo (ainda que seja o mesmo, reeleito) será, portanto, o resgate da credibilidade na área econômica. Uma missão hercúlea, haja vista o desmonte dos últimos quatro anos.

 Por Nilson Mello

Em tempo

Ainda a Dilma - A presidente da República afirmou ontem que é do interesse da União (ou seja, do Estado, não do governo) defender a Petrobras, ao justificar a pressão de alguns de seus ministros e do Advogado Geral da União para que o TCU não bloqueasse os bens da presidente da empresa. A presidente acha que a oposição está atacando a Petrobrás quando levanta denúncias contra a estatal e a os possíveis desvios de sua direção. Mas isso não é defender a estatal dos malfeitos? A oposição está atacando a má gestão, ou a gestão fraudulenta, não a instituição. Aliás, essa discussão nem existiria se o Estado não se metesse a empresário. O Estado precisa produzir petróleo e vender gasolina? Ou uma estatal petrolífera (aliás, como todas as demais) só interessa aos políticos, que a utilizam para fins escusos?

Ensaio sobre o Ebola - O confinamento de infectados na favela West Point, em Monróvia, capital da Libéria, cercados e contidos sob a mira dos fuzis de centenas de soldados do Exército, é um cruel retrato do despreparo das nações africanas para lidar com a assustadora epidemia que nos remete à ficção de José Saramago, com o seu Ensaio sobre a cegueira.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Comentário do Dia


Gata Borralheira?
 
Uma campanha familiar - Esta é uma eleição em família, a julgar pelo primeiro dia de propaganda na TV e no rádio, ontem. Descobre-se que Lula é pai de Eduardo e Aécio, irmão. No caso de Aécio, o parentesco vem desde criancinha (incrível, hein!), como ele fez questão de salientar em sua primeira aparição, por conta do protagonismo político de seus avós, respectivamente Tancredo Neves e Miguel Arraes, velhos caciques republicanos. E que o eleitor não tente encontrar convergências ideológicas ou programáticas entre a raposa mineira e o líder pernambucano.  Elas simplesmente não existem. Já Lula não detalhou o caso de adoção. Mas se explicar também nunca foi o seu forte. Pelo visto, Marina será a ovelha negra desta campanha, sem prova de filiação e sem comprovação de DNA no ninho do PSB, onde, adotada, não lhe faltam desafetos entre os próprios "irmãos". Gata Borralheira em um conto que não é de fadas. (NM)

 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Comentário do Dia


A posição do Agronegócio - A repentina entrada de Marina Silva na disputa eleitoral já acendou uma luz de alerta no agronegócio brasileiro, setor que teme a radicalização das questões ambientais caso a ex-senadora do Acre seja eleita. A CNA - Confederação Nacional da Agricultura, emitiu hoje a seguinte nota:

Comunicado CNA
1. Não é papel da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) assumir posição em relação aos presidenciáveis no processo eleitoral. O papel da CNA é transmitir, aos que postulam a Presidência da República, os problemas e necessidades do setor agropecuário e, aos produtores, uma análise das ideias e compromissos dos candidatos em relação a estes problemas e necessidades.

2. A CNA vai acompanhar a campanha, os pronunciamentos dos candidatos, seus compromissos, e interpretá-los segundo a visão do agronegócio, setor fundamental para manter o saldo positivo da balança comercial, representando 44,4% das exportações, cerca de 23% do Produto Interno Bruto e um terço dos empregos formais do país.
3. Eventuais mudanças no quadro eleitoral em nada alteram as posições e demandas expressas no documento “O que esperamos do próximo presidente”, que foi entregue aos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas, durante o Encontro de Presidenciáveis promovido pela CNA no último dia 6 de agosto.

4. Este encontro foi considerado plenamente satisfatório, por ter mostrado uma grande convergência de opiniões sobre a importância do agronegócio para o Brasil.
5. Em princípio, todos os candidatos merecem consideração e o que o setor deseja é que todos assumam os compromissos necessários para que o agro continue se desenvolvendo e avançando.

6. Se, em algum momento, algum candidato exprimir pontos de vista ou prometer ações prejudiciais aos produtores rurais e ao desenvolvimento do agronegócio, alertaremos nossos associados, as federações, os sindicatos e o conjunto dos produtores brasileiros.
7. O que desejamos é manter com todos os presidenciáveis, e com o eventual vencedor das eleições, um clima de diálogo e de entendimento, para o bem do país.

Brasília, 19 de agosto de 2014
Assessoria de Comunicação da CNA

Bonner X Dilma Rousseff - Entrevistador pode e deve ser incisivo, mas não pode e não deve ser deselegante. Patrícia Poeta e W. Bonner não se saíram bem ontem na entrevista de Dilma Rousseff. Seria possível fazer todos os questionamentos que fizeram - e até outros mais relevantes - num tom educado, de respeito não apenas à candidata, mas à presidente da República. Dilma Rousseff estava sendo entrevistada como candidata, mas a sua condição de presidente é indissociável. O resultado é que Dilma Rousseff, sempre claudicante e obscura quando tenta verbalizar um raciocínio minimamente lógico (algo que lhe exige um grande esforço), acabou se saindo razoavelmente bem dentro do contexto e para os seus (baixos) padrões de comunicação. Não será surpresa se, com as interrupções do Bonner, ela tiver conquistado a empatia de boa parte do público.

Desconstruindo Marina – Definida a candidatura de Marina Silva pelo PSB, ainda que não oficialmente, resta agora saber quanto tempo seus oponentes aguardarão para deixar de lado a trégua – natural em função da comoção em torno da morte de Eduardo Campos – e passar ao ataque. Porque não restam dúvidas que, em dado momento, Marina terá que ser, necessariamente, um alvo de Aécio Neves. É com a ex-senadora que o tucano disputa, indicam as primeiras sondagens, o “direito” de ir ao segundo turno, num embate acirrado. Dependendo do crescimento da ex-senadora nas próximas pesquisas, será também alvo certo do PT. Os coordenadores da campanha de Dilma devem deixar o “trabalho sujo” inicial para os tucanos, cientes de que atacar uma política que traz a aura da renovação pode ser um tiro pela culatra. A tarefa exige verdadeira sintonia fina do marketing eleitoral. Mas não é impossível, se considerarmos o grande paradoxo que Marina Silva personifica. Senão, vejamos: aparentemente, ela é até aqui a candidata preferida dos jovens de nível educacional mais elevado, mais críticos e, portanto, liberais, insatisfeitos com as velhas práticas políticas, ansiosos por renovação e por lideranças com as quais se sintam identificados – anseios expressos nas jornadas de junho/julho de 2013. Em tese, encarna essa renovação, como já ficara demonstrado lá atrás, nas eleições de 2010. Mas Marina é liberal? Empunha as bandeiras do jovem eleitor? Marina, como evangélica, é a favor do aborto, da liberação da maconha, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da fecundação em laboratório etc? Afinal, Marina é a renovação ou é o conservadorismo? Eis aí o paradoxo a ser explorado pelos marqueteiros de seus concorrentes já nos próximos dias.

Inflação – Há quatro anos a inflação segue indisciplinada fora da meta de 4,5%.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Comentários do Dia




O fator Marina Silva

Primeiras pesquisas – Para quem achava que a morte de Eduardo Campos teria impacto limitado no quadro eleitoral (conforme artigos de alguns analistas na semana passada), as primeiras pesquisas feitas logo após o desastre aéreo de Santos mostram o quanto as mudanças foram significativas. De acordo com o Datafolha, Marina Silva – agora virtual candidata do PSB em substituição a Campos – venceria Dilma Rousseff, num eventual segundo turno, com 47% dos votos válidos contra 43% da presidente. Na hipótese de um segundo turno entre Aécio e Dilma Rousseff, a candidata à reeleição venceria o tucano: 47% contra 39%. Não houve simulação ente Aécio e Marina no segundo turno, mas, a julgar pelo retrato atual, é razoável supor que, se a decisão fosse hoje,  o Tucano perderia. O ingresso de Marina na disputa comprova que o seu “capital político-eleitoral”, traduzido nos votos obtidos em 2010 (quase 20 milhões) ou intenção de votos, superava o do ex-governador de Pernambuco. Campos  vinha patinando com cerca de 9% nas pesquisas, depois de já ter chegado a 16%, no início do ano.  Mas ainda é difícil saber se a rápida reação do eleitor é apenas reflexo da comoção que tomou conta do país após a tragédia da semana passada, favorecendo o apoio ao PSB e à Marina, ou se realmente é uma tendência que se consolidará a partir desta semana, quando começa o horário de propaganda no rádio e na televisão. Também é cedo para avaliar com exatidão se essa intenção de votos em Marina resulta da migração da intenção de votos em outros candidatos para ela ou se já representa um despertar do eleitorado que permanecia indiferente ou desapontado com as perspectivas eleitorais, mais inclinado, assim, a votar nulo e branco e mesmo se abster, num sinal de protesto. Não foram poucos os cientistas políticos no início do ano que avaliavam Marina como uma “candidata de nicho” e com dificuldades para ampliar o seu eleitorado. Isso será testado agora. O que parece certo desde já é que Dilma e Aécio perderam com a entrada de Marina na corrida (o que explica o esforço do PT e do ex-presidente Lula em pessoa na semana passada em trazer de volta o PSB à base aliada), e terão trabalho redobrado. Mas Aécio, evidentemente, perdeu mais, porque, nas primeiras simulações, já aparece em terceiro, com risco de não chegar ao segundo turno. Na melhor das hipóteses, passou a dividir com a candidata do PSB as atenções daqueles eleitores que sabem que este governo, definitivamente, não funciona.

Crescimento. Que crescimento? – O mercado financeiro reviu a sua previsão para o PIB de 2014: de 0,81% para 0,79%. A previsão de queda do setor industrial – que tem impacto direto no baixo desempenho do PIB – também foi revista: de -1,53% para -1,76%. Com um ritmo econômico tão lento, querendo parar, a projeção da inflação para este ano melhorou: ao invés de romper o teto máximo da meta (de 6,50%), agora a previsão é de 6,25%. O governo, com sua “nova matriz macroeconômica”, conseguiu promover o cenário que dizia tentar evitar ao estimular o consumo de forma irresponsável: um baixo crescimento, hoje, quase beirando a recessão. E com uma inflação renitente, ainda sob os efeitos dos impulsos fiscais e de crédito, e a despeito da fortíssima puxada da política monetária no último ano e meio, que segue “enxugando gelo” em meio a uma "condução" econômica esquizofrênica.
Por Nilson Mello

 

 


sábado, 16 de agosto de 2014

Comentário do Dia

Especulações de campanha - Dizem que os "conservadores" querem a candidatura de Marina porque sabem que ela tira voto de Dilma. O que não deixa de ser verdade. Já o "lulopetismo" quer a polarização Dilma-Aécio porque sabe que a candidata à reeleição terá mais chances com o embate direto com o tucano. Aécio, por sua vez, terá grandes dificuldades com ou sem a ex-senadora no páreo. Por outro lado, pela ótica de Marina, que razão haveria para desistir da "via política alternativa" que ajudou a criar e voltar à base aliada que tanto deplorou? Para o PSB, qual seria a justificativa para abandonar essa terceira via, tendo um nome forte à Presidência? E, para os eleitores em geral, que desvantagem poderia haver numa disputa com três candidatos fortes? Isso não enriquece o debate e fortalece a democracia? Só há, portanto, vantagens na candidatura de Marina. Menos, é claro, para o PT.

Por Nilson Mello

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Artigo

A escolha óbvia

O desastre do avião de Eduardo Campos no mês de luto da crônica Republicana
 
 O horário eleitoral na TV e rádio começa nesta terça-feira 19 sem que o PSB e os cinco partidos coligados possam saber o que exatamente levarão ao ar. A comoção diante da trágica morte de Eduardo Campos mantém qualquer providência prática em suspenso, em respeitoso e justificável luto.

Contudo, a apenas 45 dias do pleito e a dez do prazo final para a escolha de um eventual substituto (ou substituta), é razoável supor que as conversas de bastidores sigam intensas, a despeito das dissimuladas – mas, no caso, compreensíveis – declarações em contrário.

Nas especulações que vazam para o público e que são publicadas na imprensa e na Internet, chamam a atenção as dúvidas espontâneas ou deliberadamente plantadas quanto à conveniência de Marina Silva assumir a cabeça de chapa da coligação que tem PPL, PPS, PRP, PHS, PSL, sob a liderança do PSB. Sobretudo, quando o próprio PSB reconhece que não tem quadro à altura de Eduardo Campos.

Com os 20 milhões de votos obtidos na eleição presidencial de 2014 e sendo a personificação da chamada via alternativa à polarização entre PT e PSDB que há duas décadas domina a política brasileira, a ex-senadora parece ser a solução mais palatável - sem que isso signifique necessariamente que é a melhor candidata entre todos os postulantes.

Não custa lembrar que a rejeição ao governo Dilma Rousseff, ao PT e à visão de mundo dos tucanos foi a premissa da união Eduardo-Marina e a consequente formação da candidatura alternativa. Além disso, se era a vice na chapa, tinha as qualidades necessárias para também ser a titular, caso as circunstâncias assim o exigissem.

A quem então interessaria a insistente especulação no descarte de Marina como candidata ao Planalto? Colunista de uma das principais revistas semanais publicou em seu Blog artigo em que tenta explicar por que razões a ex-senadora seria uma opção “menos óbvia do que as aparências indicam”. Tudo o que conseguiu fazer foi deixar transparecer o seu alinhamento com o Planalto.

Se considerarmos o desempenho da ex-senadora em 2010 e as intenções de votos de Eduardo Campos nas pesquisas (hoje na casa dos 9%, depois de já ter chegado a 16%), Marina teria, em tese, mais chances do que ele de chegar ao segundo turno. Como quem vota em Aécio, em princípio, não votaria em Dilma, mas poderia votar em Marina contra a candidata à reeleição; e como quem vota em Dilma poderia também votar em Marina contra um tucano, nada mais razoável, pela ótica de quem quer vencer o pleito (partindo do pressuposto que seja mesmo este o intuito do PSB), do que confirmar a ex-senadora do Acre como candidata à Presidência.

As razões na política, contudo, são tortuosas e fogem à lógica, sobretudo quando os reais interesses são mantidos submersos. Isso nos faz aguardar os desdobramentos desta semana. Mas o que parece certo, fora de qualquer questionamento, é que uma eventual desistência da chapa liderada pelo PSB e seu alinhamento a outra candidatura, favorece a manutenção da polarização. Seria do interesse do PT e também do PSDB, portanto.

A prematura morte de Eduardo Campos, no mês marcado pelo luto na crônica republicana, reduz em muito as perspectivas da política brasileira e, como se vê, limita e empobrece novamente o debate.

 Por Nilson Mello

 

 

 

terça-feira, 5 de agosto de 2014


Blog Meta Mensagem – 05 de agosto de 2014

Comentários do dia

A Resolução da ONU – O plano de criação do Estado de Israel, do Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina, previa, em 1947, a destinação de 53% do território palestino para os judeus e 47% para os árabes palestinos. É, portanto, imprecisa a informação de que a ONU não contemplou um Estado para os palestinos, conforme consta do artigo O gueto de Gaza, da última sexta-feira. O alerta foi oportunamente feito em comentário do leitor Jacques Malka, que está no pé do artigo.

Mas a história é um pouco mais complexa. Na verdade, as representações árabes, em especial a palestina, negaram-se a participar da votação do plano num primeiro momento e depois votaram contra, alegando três razões: 1. A decisão contrariava os estatutos da própria ONU, que garante a todo povo o direito de decidir o seu próprio destino;  2. O território dos palestinos era a Palestina, onde estava sendo criado, em superposição, o Estado de Israel – a resolução representaria a divisão de “seu país”; e 3. O Plano, já não bastassem as razões anteriores, destinava um território maior para os judeus, cuja população era menor.

Em 1947, viviam na Palestina – que estava sob o domínio britânico deste o fim da Primeira Guerra – 1,4 milhão de árabes palestinos e 700 mil judeus, boa parte deles emigrantes que deixaram a Europa ao término da Segunda Guerra (Exodus). A Resolução 181 foi aprovada em 28 de novembro de 1947.  A partir de 14 de maio de 1948, livre do mandato dos britânicos, Israel passou a ser um Estado soberano, independente, em territórios superpostos aos reivindicados pelos palestinos.

Dos 57 países membros da ONU na ocasião, 56 participaram da sessão (a representação da Tailândia foi a única ausente). Trinta e três votaram a favor da Resolução, dez se abstiveram e 13 foram contrários, entre os quais os integrantes da Liga Árabe – Egito, Síria, Líbano e Jordânia.

O que se pode discutir hoje é se a decisão de árabes, na ocasião, não teria sido equivocada do ponto de vista estratégico, uma vez que a fundação do Estado de Israel já era irreversível tendo em vista a sua aprovação pela ONU.  Com a rejeição à Resolução, os palestinos ficaram num “limbo” – uma nação sem Estado e com território mitigado, regrado por outro Estado.

Nenhum desses antecedentes, contudo, autoriza o radicalismo posterior. Nem justifica o ódio e o grande número de vítimas, em ambos os lados, desde então.

Previsões econômicas - Depois que uma analista do Santander foi demitida por ter feito a óbvia associação, em trabalho hipotético de conjuntura, entre a vitória de Dilma Rousseff na eleição deste ano e a queda na confiança da economia, com piora do desempenho da Bolsa, as previsões do banco a partir de agora não merecem mais a menor credibilidade.

 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Artigo


                         
O gueto de Gaza


O cessar-fogo de 72 horas, pactuado ontem, fracassou. Nesta sexta-feira (01/08) disparos e bombardeios foram retomados. Se a trégua (efêmera, por razões humanitárias) já é difícil, como se chegará um dia à reconciliação e à paz num conflito armado em que os civis, de ambos os lados, são as maiores vítimas?

Porque parece muito claro que a morte de não militares, de não combatentes – de inocentes, portanto – multiplica e (por que não dizer?) perpetua o ódio recíproco.

Não se trata aqui de pacifismo ingênuo. Muito menos de deixar de denunciar e condenar o terrorismo do Hamas (algo que a diplomacia brasileira, por determinismo ideológico, não fez). Os seus métodos covardes sem dúvida conduziram à escalada da violência que agora a comunidade internacional assiste com estarrecedora e quase criminosa passividade.

Ao contrário, trata-se de tentar entender, com pragmatismo, aonde a proclamada “ação defensiva” de Israel pode levar. Pois, se não é possível se reconciliar com aquele que matou o seu filho ou o filho de seu vizinho, ou que destruiu a sua casa e o bairro em que morava, é preciso saber o que se pretende, do ponto de vista estratégico.

Observadores internacionais – especialistas militares, segundo os jornais de hoje – afirmam que Israel não teria alternativa neste momento a não ser os bombardeios repetitivos e as “incursões cíclicas” à Faixa de Gaza, evitando uma ocupação mais prolongada (como fez na Cisjordânia, em 2002), para não desviar o seu foco de uma ameaça maior, que seria o programa nuclear iraniano. 

O objetivo é quebrar a capacidade ofensiva do grupo terrorista palestino (com a sua intermitente barragem de foguetes sobre o território israelense), a exemplo do que foi feito em 2006 com o grupo xiita Hezbollah, no Líbano.

A doutrina tem o apoio de 95% da população de Israel. A questão é saber se o preço que ela cobra, em número de vítimas inocentes – centenas de crianças, em especial – é justo. É justo?

Mais do que isso. Considerando que os palestinos também fazem jus ao seu território – algo que não lhes foi concedido pela resolução da ONU de 1947, que criou o Estado de Israel – e que, portanto, o processo de pacificação passa necessariamente pelo reconhecimento deste direito, é difícil explicar que papel a presente “doutrina de defesa” pode ter na busca do entendimento. Pelas razões mencionadas de início, somos inclinados a crer que ela apenas torna ainda mais difícil uma solução para os conflitos na região. 

O direito de defesa de Israel contra o grupo terrorista Hamas é legítimo e indiscutível. Mas este direito não é absoluto. Este direito não autoriza o bombardeio indiscriminado de regiões urbanas densamente povoadas.  A morte de mais de mil civis, além de um gigantesco número de feridos e desabrigados, equipara a suposta operação de defesa a um massacre e às piores atrocidades cometidas por seus inimigos.

As advertências do governo de Israel para que os palestinos deixem as suas casas antes dos ataques aéreos e terrestres soa a hipocrisia. Confinados numa faixa de terra de 45 km de extensão por 10 km de largura, com alto índice demográfico, e submetidos a restrições de circulação para fora desse território, os palestinos simplesmente não têm para onde fugir. Gaza, hoje, foi transformada em um gueto, expressão que relembra o mais dantesco episódio da Humanidade, que teve justamente o povo judeu como vítima.

Direito de defesa não pode ser um ato de vingança,

Por Nilson Mello

Comentário do leitor Jacques Malka, advogado, Rio de Janeiro, em 02 de agosto:

"A propósito do seu texto 'Considerando que os palestinos também fazem jus ao seu território – algo que não lhes foi concedido pela resolução da ONU de 1947, que criou o Estado de Israel', esclareço, se me permite, que a Resolução 181 da ONU de 1947, aprovou um plano para partição de determinada área em 2 Estados, um judeu e outro árabe. Os judeus aceitaram. Já os árabes palestinos, assim como os Estados Árabes, não aceitaram o Plano".