sábado, 28 de dezembro de 2013

Anote

Alô EP!
Isso aí enferrujado na foto é a grade da passarela da Lagoa, em frente ao Parque da Catacumba. O local é um dos cartões postais e certamente um dos IPTUs mais altos da cidade dita Maravilhosa. O dia que a grade desabar e matar alguém, talvez a Prfeitura decida agir e fazer a adequada restauração. O mais triste é que sabemos que não se trata de um exemplo isolado: a prova do desleixo e do descaso do Poder Público municipal está por toda parte, em cada praça abandonada, em cada calçada descalçada, com licença para a contradição em termos. Conservação e Manutenção são vocábulos que não fazem parte da Administração Eduardo Paes. Claro, as frentes de obras faraônicas, algumas de importância questionável (como a demolição do elevado da Perimetral), para dizer o mínimo, estão por toda parte, pois as somas envolvidas são apetitosas. Mas cuidar da cidade, reparar a grade de uma passarela antes que um turista inacauto desabe lá de cima, isso não custa nada, é muito barato, não requer licitações onerosas e então não vale a pena fazer. Eis a lógica perversa do Poder Público no Brasil. Se nossos governantes tivessem um pouco de vergonha na cara, até roubariam (fazer o quê?), mas não deixariam a cidade chegar ao nível de decadência do Rio de Janeiro de hoje. Desculpem, conterrâneos: nossa cidade nada tem de Maravilhosa. Pode ter uma natureza privilegiada, mas é uma cidade hostil (violenta em estrito senso e violenta pela atitude de descaso que impera por todos os lados), suja, mal tratada e de difícil mobalidade. Se não enfrentarmos esta verdade, e continuarmos a propalar algo que não existe, não mudaremos o estado das coisas. Neste sentido, seria louvável se os meios de comunicação deixassem a preguiça e a conivência de lado e contribuíssem com um noticiário mais crítico e responsável.
Então, prefeito EP. Tem vergonha na cara? Então manda consertar isso aí. Já seria um começo...
Alô EP!

     Isto aí enferrujado na foto acima é a grade da passarela da Lagoa, em frente ao Parque da Catacumba, no Rio de Janeiro. O local é um dos cartões postais e certamente um dos IPTUs mais altos da cidade dita Maravilhosa.

     O dia em que a grade desabar e matar alguém, talvez a Prfeitura decida agir e fazer a adequada restauração. O mais triste é que sabemos que não se trata de um exemplo isolado: a prova do desleixo e do descaso do Poder Público municipal carioca está por toda parte, em cada praça abandonada, em cada calçada descalçada, com licença para a contradição em termos.
     Conservação e Manutenção são vocábulos que não fazem parte da Administração do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Claro, as frentes de obras faraônicas, algumas de importância questionável (como a demolição do Elevado da Perimetral), para dizer o mínimo, estão por toda parte, pois as somas envolvidas são apetitosas.
      Mas, cuidar da cidade, reparar a grade de uma passarela antes que uma criança ou um turista inacauto desabe lá de cima, isso não custa nada, é muito barato, não requer licitações onerosas e então não vale a pena fazer. Eis a lógica perversa do Poder Público no Brasil.
      Se nossos governantes tivessem um pouco de vergonha na cara não deixariam a cidade chegar ao nível de decadência do Rio de Janeiro de hoje. A cidade nada tem de Maravilhosa. Pode ter uma natureza privilegiada, mas é uma cidade hostil (violenta em estrito senso e violenta pela atitude de descaso que impera por todos os lados), suja, mal tratada e de difícil mobilidade.
      Se não enfrentarmos esta verdade, e continuarmos a propalar algo que não existe, não mudaremos o estado das coisas. Neste sentido, seria louvável se os meios de comunicação deixassem a preguiça e a conivência de lado e contribuíssem com um noticiário mais crítico e responsável.
      Então, prefeito EP, mande consertar isso aí. Já seria um começo...

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


Em tempo

    A tragédia é anunciada, mas não tem prevenção. E, se tem, o plano é falho. Porque as mortes se repetem todo verão. Nas enchentes e nos desmoronamentos, que decorrem das grandes tempestades sazonais. Se não é na Serra Fluminense, é na Costa Verde do Rio de Janeiro ou em Santa Catarina, ou ainda no Vale do Rio Doce, tanto em Minhas quanto no Espírito Santo.

    Mas agora o governo decidiu que vai reduzir as exigências para a alocação dos recursos. A justificativa é acelerar as obras preventivas, sempre atrasadas. Os investimentos em contenção de encostas, drenagem e manejo de águas pluviais têm diminuído.

Diante de mais um desastre de grandes proporções no Espírito Santo, corre-se agora, tardiamente, para implementar providências de caráter preventivo, que, por sua natureza, deveriam ser acionadas lá atrás.

Espera-se que a consequência concreta da redução das exigências não seja apenas mais desvios do dinheiro que deveria ir para a assistência às vítimas, bem como para as obras preventivas e emergenciais. Conhecendo o Brasil, o risco de a esperança ser em vão é grande.

 

 

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Artigo



A teoria da dissuasão



Saab Gripen CD, que deu origem ao Gripen NG, a ser adquirido pelo Brasil

   No caso da escolha dos caças de superioridade aérea, do Programa FX-2, o governo tardou, mas tomou a melhor decisão, considerados os aspectos técnicos e estratégicos. Não deixa de ser uma notícia positiva. Mais reativo do que proativo - ou mesmo preventivo -, este governo não raro tarda e erra. As licitações e concessões atabalhoadas em áreas não menos importantes, como rodovias, portos, aeroportos e energia, em especial o pré-sal, comprovam a marca do improviso.
A pressa quase sempre é fruto da falta de planejamento. E, paradoxalmente, na maioria das vezes, potencializa o erro, ao invés de preveni-lo. Pior: aumenta os custos financeiros e políticos das decisões e soluções finais.
No caso do FX-2, dar ouvido aos especialistas foi fundamental para o acerto. Desde o início, ainda na fase do FX-1 (programa inicial), a FAB tinha preferência pelo Gripen sueco, porque, dos modelos em disputa (dois americanos, um russo e um francês), era o que apresentava maior equilíbrio entre os diferentes aspectos em jogo.
Preço de aquisição, custo de manutenção, desempenho operacional, transferência de tecnologia, garantias do “pós-venda” e menor dependência em relação às potências militares, em especial Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, eram as variáveis que precisavam ser pesadas e cotejadas. Portanto, questões eminentemente técnicas que deveriam ser conciliadas com uma visão estratégica.
Comenta-se que a preferência do governo Dilma Rousseff era pelo F-18 Hornet, e que o caça da americana Boeing teria sido alijado este ano, na reta final da disputa, por conta do escândalo das escutas, revelado pelo ex-agente Edward Snowden. Difícil dizer até que ponto isso é verdade, sobretudo se consideramos uma tendência natural de não-alinhamento aos EUA por parte do PT.
Durante o governo Lula, no que parece ter sido um arroubo oratório do ex-presidente, chegou-se a anunciar a escolha do Rafale, da francesa Dassault. Menos testado, menos comercializado (somente a França o opera) e, previsivelmente, o mais caro e de maior custo operacional, o Rafale era dos três caças finalistas o que menos agradava aos militares da FAB.
Os Sukhoi e, antes, os MIG russos já haviam ficado para trás na concorrência, tendo em vista as incertezas em relação ao fornecimento de peças sobressalentes, a manutenção e, ainda, a transferência de tecnologia. O futuro de uma empresa russa, ainda que do setor de Defesa, que conta com o apoio decisivo do Estado, é por si só uma incógnita. Caças russos comprados pela Venezuela, no tempo de Hugo Chávez, permanecem no solo e são “canibalizados” devido à falta de peças de reposição.
Por que razão o ex-presidente Lula preferiu, em determinado momento, o avião francês também é difícil dizer. Seria justamente para salientar o referido não-alinhamento de seu governo em relação à potência hegemônica? Seria simplesmente para desagradar aos militares? Haveria outros argumentos, digamos, indeclináveis, envolvidos? As conjecturas são ilimitadas.
O certo é que, revertida a decisão precipitada do governo Lula, a disputa foi recolocada no campo técnico, em que prevalece a análise do custo-benefício da soma das variáveis. Se o F-18 tem mais autonomia e potência, o caça fabricado pela sueca SAAB tem preço final menor e é operacionalmente mais econômico. Pesa ainda a plena transferência de tecnologia no caso do Gripen, algo pouco provável de acontecer num contrato na área de defesa envolvendo empresas norte-americanas.
Muitos dirão que o Programa FX-2 - com a consequente compra dos 36 caças suecos, a serem entregues entre 2018 e 2023, no valor de R$ 10 bilhões - é uma despesa desnecessária para um país pacífico. Lembram os mais românticos que a Costa Rica aboliu as suas Forças Armadas.
Contudo, na realidade do mundo atual, o provérbio latino permanece válido: se vis pacem, para bellum. O caminho mais seguro para a paz é a manutenção de sistemas de Defesa eficientes. Até porque o Brasil não é a Costa Rica. No desdobramento da máxima, tem-se a Teoria da Dissuasão: não é preciso ser o mais forte, mas ser suficientemente forte para desencorajar a agressão até dos que são ainda mais fortes.
Por Nilson Mello

sábado, 7 de dezembro de 2013

Anote:

Economia ineficiente é aquela que, por falta de investimentos na infraestrutura e na produção, opera com a demanda por bens e serviços sempre acima da capacidade de oferta, o que gera pressão sobre os preços. A inflação e o tímido crescimento são a consequência da falta de produtividade.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Artigo



Uma economia pornográfica

           A piada do humorista foi um pouco grosseira esta manhã, mas expôs o ridículo de nossa realidade econômica com rara contundência. Ao comentar o fraco desempenho do Produto Interno Bruto brasileiro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria dito que ele (o pibinho) “é pequeno, porém, satisfaz”.
Essa ao menos foi a versão de Marcelo Madureira para a retórica ministerial e o horizonte limitado de nossa economia. Literalmente ancorada aos estímulos ao crédito e ao financiamento fácil dos últimos anos, essa economia simplesmente não se move.
Experimente subir correndo uma escada rolante no sentido contrário. Há muito dispêndio de energia, mas nenhuma eficácia quanto ao objetivo pretendido.
A política econômica do governo Dilma Rousseff é a encarnação dessa metáfora: a inflação alta, decorrente do ativismo fiscal e dos impulsos de crédito, representando o dispêndio de energia; a “patinação” na esteira, ou o andar sem sair do lugar, o PIB diminuto e ainda assim pornográfico, como bem lembrou Madureira. Muito estímulo e inflação, com crescimento pífio é o que a ineficiência produz.
    O que constrange - e com razão pode revoltar alguns - não é a terminologia anedótica, por assim dizer, resvalando para o vulgar, mas o que vem à tona com o emprego da ironia, ou seja, a capacidade deste governo dizer que está tudo ótimo quando sabemos que vai tudo muito mal, sobretudo na economia.
    Que governos mentem, sabemos todos. Sem falso moralismo, podemos até dizer que, na política, mentir é uma questão de sobrevivência, dadas determinadas circunstâncias. Mas para tudo há limites. E entre a sobrevivência de um governo que não acerta e a sobrevivência de uma economia que até pouco reunia todos os pressupostos para se desenvolver de forma sustentável, sem inflação, fiquemos com o interesse do país – ou seja, a segunda opção.
    O PIB deve ter sofrido uma “pequena parada”, disse Mantega no último dia 02, ao comentar o recuso de 0,5% no terceiro trimestre do ano. Com crescimento abaixo dos 3% ao ano, o Brasil vem se mantendo na rabeira entre os emergentes e os principais vizinhos latino-americanos.
O mais curioso são os paradoxos. Como o governo não promoveu investimentos que garantissem produtividade à economia, tudo que conseguiu foi estimular a inflação, que segue renitente bem acima da meta dos 4,5%. Tardiamente, o BC retomou a alta dos juros e agora temos tudo de ruim ao mesmo tempo: pouco crescimento, juros altos e, apesar disso, preços robustos e resistentes.

Por Nilson Mello